domingo, 31 de julho de 2011

 
Postado por JORGIANY TEODORO DE SOUZA SUSSAI

G- UM BREVE LEVANTAMENTO DE CASOS DE DISCRIMINAÇÃO ÉTNICO/ RACIAL EM  NOSSO  MUNICIPIO...

Após breve pesquisa de campo no Município de Mantenópolis, verifiquei que, apesar  de não haver casos de discriminação formalizados no  âmbito do judiciário e nenhum boletim de ocorrência registrado na esfera policial, sabemos que infelizmente não retrata a realidade do nosso município.
Sabemos que muitas vezes nas escolas a cor da pele ou a classe social já  cria se um preconceito, uma divisão já entre crianças, as vezes, inclusive, com o aval da própria escola que faz uma separação das crianças de melhor condição financeira. Há uma discriminação velada das pessoas onde se imagina que os bandidos em sua maioria sejam negros, ao passo que os “anjos”, sempre branquinhos de cabelos loiros e olhos claros.
Observamos também que no âmbito do judiciário Municipal, Legislativo e no Executivo, na grande maioria dos cargos mais importantes e de melhor salário, não temos nenhum negro  e, ainda, um número pouco significante de mulheres.
 A discriminação racial e étnica continua a ser um dos maiores problemas de direitos humanos no mundo atual, atingindo tanto minorias étnicas quanto, em alguns casos, populações inteiras.
Podem ocorrer conflitos entre as práticas culturais, religiosas, lingüísticas e de valores de um Estado e as práticas de grupos minoritários. E infelizmente os governos são obrigados a tomar medidas especiais que assegurem o desenvolvimento e a proteção adequados às minorias raciais. Isso inclui programas de ações afirmativas.


C - Subgrupo "3" - Levantamento Bibliográfico


- COMPARATO. F.O Princípio da Igualdade na Escola. Cadernos de Pesquisa, n. 104, p.47-57, jul.1998

- GOMES. Ação afirmativa e princípio constitucional da igualdade o direito como instrumento de transformação social; a experiência dos EUA. Rio de Janeiro; São Paulo: Renovar, 2001.

- GUIMARÃES, A.S.A Desigualdade que anula a desigualdade: notas sobre a ação afirmativa no Brasil. In: Souza, J. (org.). multiculturalismo e racismo, o papel da ação afirmativa nos Estados democráticos contemporâneos. Brasília: Ministério da Justiça, 1996, p.233-242. ____ Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo: Editora 34.1999.

- HASENBALG, C.: SILVA, N. Raça e oportunidades educacionais no Brasil. Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, n.18,p.73-91, maio 1990.

- HENRIQUES, R. Desigualdade racial no Brasil: evolução das condições de vida na década de 90. Rio de Janeiro: IPEA, 2001.

- LIMA, D. O Enfrentamento do racismo em um projeto democrático: a possibilidade jurídica. In: SOUZA J. (org). Multiculturalismo e racismo: o papel da ação afirmativa nos Estados democráticos contemporâneos. Brasília: Ministério da Justiça, 1996,p.189-208.

sábado, 30 de julho de 2011

Educação, raça e gênero...

Postado por Eliane de Paula
Educação, raça e gênero...

As relações raciais na sociedade brasileira são o pano de fundo sobre o qual se localiza o sujeito deste artigo: a mulher negra e professora.  zOs resultados desta pesquisa trazem como contribuição para o campo da educação o relato, as lembranças, a prática, e a reflexão de professoras negras, discutindo a forte presença da questão racial e de gênero na escola. Esses mesmos resultados nos apontam o quanto os educadores e as educadoras encontram-se desatentos/as ao fato de que a educação, a raça e o gênero são relações imersas na alteridade. É preciso compreender que os sujeitos envolvidos no processo educacional – professores, professoras, alunos, alunas, pais e mães constroem diferentes identidades ao longo da sua história de vida e profissional. A escola é um dos espaços que interfere e muito no complexo processo de construção das identidades. O tempo de escola ocupa um lugar privilegiado na vida de uma grande parcela da sociedade brasileira. Esse tempo registra lembranças, produz experiências e deixa marcas profundas naqueles que conseguem ter acesso à educação escolar. Tais fatores interferem nas relações estabelecidas entre os sujeitos e na maneira como esses vêem a si mesmos e ao outro no cotidiano da escola.

A escola não é um campo neutro onde, após entrarmos, os conflitos sociais e raciais permanecem do lado de fora. A escola é um espaço sócio-cultural onde convivem os conflitos e as contradições. O racismo, a discriminação racial e de gênero, que fazem parte da cultura e da estrutura da sociedade brasileira, estão presentes nas relações entre educadores/as e educandos/as. Não podemos negar que o número de educadores e educadoras atentos a essas questões tem aumentado nos últimos anos, porém a grande maioria ainda prefere discutir a escola somente do ponto de vista sócio-econômico. Tal atitude é reducionista, pois existem outras relações dentro da instituição escolar que interferem no processo de escolarização. Os valores que são transmitidos aos alunos/as dentro do ambiente escolar não são apenas aqueles pertinentes à questão de classe social. São também raciais e de gênero. Reconhecemos que avançamos ao tomar consciência da resistência presente dentro da escola, mas esta não se reduz somente à luta da classe trabalhadora. É também a luta das mulheres e da comunidade negra.

Recorte do texto  - EDUCAÇÃO, RAÇA E GÊNERO:
RELAÇÕES IMERSAS NA ALTERIDADE *
NILMA LINO GOMES
Ver texto na íntegra www.pagu.unicamp.br/sites/www.pagu.unicamp.b

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Atividades


O grupo 02 está realizando uma pesquisa de campo nas escolas municipais de Mantenópolis para realizar um levantamento das características étnico racial dos alunos e, o nível de aprendizagem.
Período 29 de Julho a 11 de Agosto/ 2011.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O PRECONCEITO RACIAL E SUAS REPERCUSSÕES NA INSTITUIÇÃO ESCOLA




A sociedade brasileira caracteriza-se por uma pluralidade étnica, sendo esta produto de um processo histórico que inseriu num mesmo cenário três grupos distintos: portugueses, índios e negros de origem africana. Esse contato favoreceu o intercurso dessas culturas, levando à construção de um país inegavelmente miscigenado, multifacetado, ou seja, uma unicidade marcada pelo antagonismo e pela imprevisibilidade
Apesar do intercurso cultural, esse contato desencadeou alguns desencontros. As diferenças se acentuaram, levando à formação de uma hierarquia de classes que deixava evidentes a distância e o prestígio social entre colonizadores e colonos. Os índios e, em especial, os negros permaneceram em situação de desigualdade situando-se na marginalidade e exclusão social, sendo compreendida por uma relação assimétrica em dimensões múltiplas – econômica, política, cultural. Sem a assistência devida dos órgãos responsáveis, os sujeitos tornam -se alheios ao exercício da cidadania.
O estudo da interface racismo e educação oferece uma possibilidade de colocar num mesmo cenário a problematização de duas temáticas de inquestionável importância. Ao contemplarmos as relações raciais dentro do espaço escolar, questionamo-nos até que ponto ele está sendo coerente com a sua função social quando se propõe a ser um espaço que preserva a diversidade cultural, responsável pela promoção da eqüidade.
A escola é responsável pelo processo de socialização infantil no qual se estabelecem relações com crianças de diferentes núcleos familiares. Esse contato diversificado poderá fazer da escola o primeiro espaço de vivência das tensões raciais. A relação estabelecida entre crianças brancas e negras numa sala de aula pode acontecer de modo tenso, ou seja, segregando, excluindo, possibilitando que a criança negra adote em alguns momentos uma postura introvertida, por medo de ser rejeitada ou ridicularizada pelo seu grupo social.
O cotidiano escolar pode demonstrar a (re) apresentação de imagens caricatas de crianças negras em cartazes ou textos didáticos, assim como os métodos e currículos aplicados, que parecem em parte atender ao padrão dominante, já que neles percebemos a falta de visibilidade e reconhecimento dos conteúdos que envolvem a questão negra.
Essas mensagens ideológicas tomam uma dimensão mais agravante ao pensarmos em quem são seus receptores. São crianças em processo de desenvolvimento emocional, cognitivo e social, que podem incorporar mais facilmente as mensagens com conteúdos discriminatórios que permeiam as relações sociais, aos quais passam a atender os interesses da ideologia dominante, que objetiva consolidar a suposta inferioridade de determinados grupos. Dessa forma, compreendemos que a escola tanto pode ser um espaço de disseminação quanto um meio eficaz de prevenção e diminuição do preconceito.

domingo, 24 de julho de 2011

Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na educação escolar


Juliana Keller Nogueira, Delton Aparecido Felipe, Teresa Kazuko Teruya (UEM)
Educação escolar, formação de professores, diversidade cultura
ST 1 - A questão racial no Brasil e as relações de gênero

Introdução

Nossa história é marcada pela eliminação simbólica e/ou física do “outro”. Os processos de
negação desses “outros”, na maioria das vezes, ocorreram no plano das representações e do
imaginário social quando estabelecemos os conceitos do que é ser belo, ser mulher, ou até mesmo
do que é ser brasileiro.
 Ao tratar a questão da diversidade cultural, Anete Abramowicz (2006) diz que todo o
brasileiro vive uma situação no mínimo, inusitada. De um lado, há o discurso de que nós somos um
povo único, fruto de um intenso processo de miscigenação e mestiçagem, que gerou uma nação
singular com indivíduos culturalmente diversificados. De outro, vivenciamos em nossas relações
cotidianas inúmeras práticas preconceituosas, discriminatórias e racistas em relação a alguns
segmentos da população, como, as mulheres, os indígenas e os afro-descendentes.
Na atualidade mesmo com manutenção de vários padrões de comportamento, de beleza, os
documentos relacionados à educação brasileira outorgam que somos um país construído tendo por
base a diversidade cultural. Mas o que significa diversidade cultural em país onde os diversos
grupos sociais são marginalizados em suas representações?
Os estudos de Ana Célia da Silva (2005) mostram que apesar da diversidade cultural
registrados nos documentos oficiais, porque os bancos escolares são freqüentados por alunos de
diferente origem étnico-raciais e gênero, os conteúdos programáticos dos livros didáticos e dos
currículos escolares apresentam ainda como padrão o homem, branco e heterossexual.
No intuito de refletirmos sobre as possibilidades de ação pedagógica para tratar da
diversidade cultural na educação escolar, questionamos: como trabalhar os conceitos de gênero,
raça, e etnia na sala de aula, com o propósito de valorizar as múltiplas identidades constituintes no
ambiente escolar?
Ana Célia Silva (2005) afirma que nos livros didáticos, nos currículos escolares e nas falas
dos professores, ainda há uma invisibilidade ou a visibilidade subalterna de diversos grupos sociais,
como os negros, os indígenas e as mulheres. O preconceito instituído e manifestado na prática
pedagógica pode levar tais grupos a uma auto-rejeição e rejeição ao seu grupo social,
comprometendo os processos constitutivos de sua identidade(s).

O que é diversidade cultural?

Para Anete Abramowicz (2006, p12) “diversidade pode significar variedade, diferença e
multiplicidade. A diferença é qualidade do que é diferente; o que distingue uma coisa de outra, a
falta de igualdade ou de semelhança”. Nesse sentido, podemos afirmar que onde há diversidade
existe diferença.
Marisa Vorraber Costa (2008) afirma que a diferença não é uma marca do sujeito, mas sim
uma marca que o constituem socialmente, e se estabeleceu como uma forma de exclusão, ser
diferente na educação ainda significa ser excluído e/ou ser subrepresentado nas instâncias sociais.
Reconhecer que somos diferentes para estabelecer a existência de uma diversidade cultural
no Brasil, não é suficiente para combater os estereótipos e os estigmas que ainda marginalizam
milhares de crianças em nossas escolas e milhares de adultos em nossa sociedade. Maria Vera
Candau (2005) afima que:
“Não se deve contrapor igualdade a diferença. De fato, a igualdade não está oposta
à diferença, e sim à desigualdade, e diferença não se opõem à igualdade, e sim à
padronização, à produção em série, à uniformidade, a sempre o “mesmo”, à
mesmice”. (CANDAU, 2OO5, p. 19).
Reconhecer a diferença é questionar os conceitos homogêneos, estáveis e permanentes que
excluem o ou a diferente. As certezas que foram socialmente construídas devem se fragilizar e
desvanecer. Para tanto, é preciso desconstruir, pluralizar, ressignificar, reinventar identidades e
subjetividades, saberes, valores, convicções, horizonte de sentidos. Somos obrigados a assumir o
múltiplo, o plural, o diferente, o híbrido, na sociedade como um todo (CANDAU, 2005).
Falar sobre diversidade não pode ser só um exercício de perceber os diferentes, de tolerar o
“outro”. Antes de tolerar, respeitar e admitir a diferença é preciso explicar como essa diferença é
produzida e quais são jogos de poder estabelecido por ela. Como nos alerta Tomaz Tadeu da Silva
(2000), a diversidade biológica pode ser um produto da natureza, mas o mesmo não se pode dizer
sobre a diversidade cultural, pois, de acordo com autor, a diversidade cultural não é um ponto de
origem, ela é em vez disso um processo conduzido pelas relações de poderes constitutivos da
sociedade que estabelece “outro” diferente do “eu” e “eu” diferente do “outro” como uma forma de
exclusão e marginalização.

Uma ação pedagógica realmente pautada na diversidade cultural deve ter como principio
uma política curricular da identidade e da diferença. Tem obrigação de ir além das benevolentes
declarações de boa vontade para com a diferença, ela coloca em seu centro uma teoria que permita
não só reconhecer e celebrar a diferença, mas também questioná-la, a fim de perceber como ela
discursivamente está constituída.
Como alerta-nos Marisa Vorraber Costa (2008), identidade e diferença são inseparáveis,
dependendo uma da outra. Elas são produzidas na trama da linguagem, a identidade e a diferença
são construídas dentro de um discurso, por isso precisamos compreendê-las como são produzidas
em locais históricos e institucionais por meio do discurso.
Foucault argumenta que:
[...] que funcionam, sobretudo, a título de princípios de classificação, de ordenação, de
distribuição, como se tratasse desta vez, de submeter outra dimensão do discurso: a
do acontecimento e do acaso.” ( FOUCAULT, 2002 p.21)
Compreendemos que o discurso por meio da afirmação de conceitos essencialistas não
historicizados, são incapazes de perceber os processos de mudanças e de transformações sociais que
padronizam e marginalizam os diversos grupos sociais. Para Stuart Hall (2000), os conceitos devem
ser historicizados para perceber como eles são construídos dentro de uma prática discursiva que se
envolve nas relações assimétricas de poder.
Os professores e as professoras que percebem em sua ação pedagógica como os conceitos de
gênero, raça e etnia são socialmente construídos e discursivamente usados para marginalizar o
“outro” estarão, de fato, contribuindo para a constituição de uma diversidade cultural que não seja
apenas tolerante, mas que perceba que “eu” e o “outro” temos os mesmos direitos e devemos ter a
mesma representatividade, tanto nos conteúdos escolares quanto nas instituições sociais.
são os discursos eles mesmos que exercem seu próprio controle; procedimentos

Reflexões sobre os conceitos de gênero, raça e etnia na formação de professores

Os conceitos de gênero, raça e etnia ao serem trabalhados na sala de aula em uma
perspectiva da valorização da(s) identidade(s) dos múltiplos sujeitos que convivem no mesmo
espaço da escola devem ter um posicionamento político, a fim de desconstruir os esteriótipos e os
estigmas que foram atribuídos historicamente à alguns grupos sociais.
A questão de gênero a ser trabalhado na sala de aula, deve começar pelo entendimento de
como esse conceito gênero ganhou contornos políticos. O conceito de gênero surgiu entre as
estudiosas feministas para se contrapor à idéia da essência, recusando qualquer explicação pautada
no determinismo biológico, que pudessem explicitar comportamento de homens e mulheres,
empreendendo, dessa forma, uma visão naturalista, universal e imutável do comportamento. Tal
determinismo serviu para justificar as desigualdades entre ambos, a partir de suas diferenças físicas.

De acordo com as autoras Guacira L. Louro (1997) e Eliane Maio Braga (2007), a expressão
gênero começou a ser utilizado justamente para marcar as diferenças entre homens e mulheres não
são apenas de ordem física e biológica. Como não existe natureza humana da cultura, para as
autoras, a diferença sexual anatômica não pode mais ser pensada isolada das construções sócioculturais em que estão imersas.
A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser
homem ou ser mulher. O sexo é atribuído ao biológico enquanto gênero e é uma construção social e
histórica. A noção de gênero aponta para a dimensão das relações sociais do feminino e do
masculino (BRAGA, 2007).
Atualmente, o conceito de raça quando aplicado a humanidade causa inúmeras polêmicas,
porque a área biológica comprovou que as diferenças genéticas entre os seres humanos são
mínimas, por isso não se admite mais que a humanidade é constituída por raças.
No entanto na década de 1970, o Movimento Negro Unificado e os teóricos que defendiam a
causa, ressignificaram o conceito de raça como uma construção social forjada nas tensas relações
entre brancos, negros e indígenas. Muitas vezes simulados como harmoniosos, não tinha relação
com o conceito biológico de raça cunhado no século XIX, e que hoje está superado.
O termo raça usado nesse contexto, segundo Petronilha Beatriz Silva (BRASIL, 2004), tem
uma conotação política e é utilizado com freqüência nas relações sociais brasileiras, para informar
como determinadas características físicas, como cor da pele, tipo de cabelo, entre outras,
influenciam, interferem e até mesmo determina o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da
sociedade brasileira.
O conceito de raça ao ser usado com conotação política permite, por exemplo, aos negros
valorizar a característica que difere das outras populações e romper com as teorias raciais que foram
formuladas no século XIX e até hoje permeia o imaginário popular.
O termo étnico é geralmente segundo Petronilha Beatriz Silva (BRASIL, 2004), marca as
relações tensas por causa das diferenças na cor da pele e nos traços fisionômicos que caracterizam a
raiz cultural plantada ancestralidade dos mais diversos grupos, que difere em visão de mundo,
valores e princípios de origem indígena, européia ou asiática. O termo étnico é fundamental para
demarcar que individuo pode ter a mesma cor da pele que o outro, a mesmo tipo de cabelo e traços
culturais e sociais que os distingue, caracterizando assim etnias diferentes.
Os professores e as professoras que se posicionam criticamente em relação ao conceito de
gênero, raça e etnia podem instituir discursivamente uma “vontade de verdade” de um grupo social,
para utilizar a expressão de Foucault (2002). Mobilizar uma ação contra os padrões e os processos
de exclusões instituídos é um grande passo para implantação de uma diversidade cultural, pois as
diferenças são socialmente construídas e estão envolvidas com as relações de poder.

As novas dimensões dos conceitos gênero, raça e etnia

De um modo geral, mulheres, negros e indígenas são sub-representados no espaço escolar,
seja no currículo escolar, nos livros didáticos e também no posicionamento do professor na sala de
aula. Citamos alguns exemplos dessas subrepesentações e/ou estereotipias dos estudos realizados
por Ana Célia Silva (2005, p. 35) do livro .Existe na pagina 64 uma caricatura de uma menina com uma atividade escolar, com uma cabeça
enorme, sentada à escrivaninha, com livro nas mãos. O texto abaixo coloca em dúvida seu interesse
pelos estudos através das seguintes frases:
Ciranda do Saber, para a 2ª série do ensino fundamental.
¾
A menina da gravura parece gostar estudar
¾
Será que ela gosta de estudar?
O professor ou a professora pode começar a questionar com seus alunos se gostar de estudar é
inerente ao fato de ser menino ou ser menina. Questionar frases tão comuns em nosso cotidiano
como:
Isso não é coisa de menino?
Em uma perspectiva histórica, podemos afirmar que o conceito de gênero menino e menina
foram produzidos no interior das relações sociais e faz parte do nosso cotidiano, por isso,
aprendemos a repeti-los e naturalizamos. Como nos relata Renata Vieira; Lizete Bomura Maciel
(2008), esse simples substantivo comum que varia quanto ao gênero, mas não só de acordo com a
gramática da língua portuguesa, os seres humanos são classificados como pertencentes ao sexo
masculino ou ao sexo feminino. Essa diferença de matriz biológica é extensiva a todos os
indivíduos da espécie humana.
Aprendemos a considerar que associado ao nome menino ou menina, algumas características e
comportamentos precisam existir, pois tais características quando se trabalha conceito político do
termo gênero, podemos questionar comportamentos pré- estabelecidos e com isso desconstruir os
esteriótipos.
Ana Célia da Silva (2005, p.138), ainda nos relata que no livro de
para a 3º série, a história
seguintes frases:
Caminho Certo, indicadoO menino que queria mudar de cor, no decorrer do texto surgem as
¾
panela o carvão grudado no fundo.
A idéia me surgiu quando minha mãe pegou preparado e com ele se pôs a tirar da
¾
Esfrequei e vi que, diante de tanto dor, era impossível tirar todo o negro da pele.
[...] eu juntei o pó restante e com ele esfreguei a barriga de perna. Esfrequei,
O ato realizado pelo menino da história propicia a visualização de que “ser negro” é algo
negativo que deve ser apagado. Ao utilizar o conceito de étnico-racial em uma dimensão política
percebermos os mecanismos sócio-históricos que levaram esse menino a esfregar sua pele para
mudar a sua cor. É uma forma de se auto-rejeitar como um negro.
Ensinar que a diferença pode ser bela, que a diversidade é enriquecedora e não pode ser
sinônimo de desigualdade, pode evitar ações como essa da história do livro
mudar de cor.
tenho que ser branco e ser magro.
O menino que queria Com isso, rompermos com as verdades socialmente construídas de que para ser belo,

Considerações

Na educação escolar, trabalhar na perspectiva da diversidade cultural significa uma ação
pedagógica que vai além do reconhecimento de que os alunos sentados nas cadeiras de uma sala de
aula são diferentes, por terem suas características individuais e pertencentes a um grupo social, mas
é preciso efetivar uma pedagogia da valorização das diferenças. Entendemos que o primeiro passo
para isso é defender uma educação questionadora dos conceitos essencialistas e tratá-los como
categorias socialmente constituídas no decorrer dos discursos históricos.
Referências
ABRAMOWICZ. Anete.
2006.
BRAGA, Eliane Maio. A questão do Gênero e da sexualidade na educação. In: RODRIGUES,
Eliane; ROSIN, Sheila Maria (orgs).
BRASIL.
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da
rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras
providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003.
CANDAU, Maria Vera. Sociedade multicultural e educação: tensões e desafios. In CANDAU,
Maria Vera (org).
2005.
COSTA, Marisa Vorraber. Currículo e pedagogia em tempo de proliferação da diferença: In
Trabalhando a diferença na educação infantil. São Paulo: Moderna,Infância e práticas educativas. Maringá – Pr. EDUEM. 2007.Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro deCultura(s) e educação: entre o crítico e pós-crítico. Rio de Janeiro: DP&A,
Trajetórias e processos de ensinar e aprender
Porto Alegre – RS: Edipucrs, 2008.
FOUCAULT, Michel.
em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo:Loyola, 2002. (1 ed.
1996, Série Leituras Filosóficas).
HALL, Stuart. Quem precisa da identidade? In; SILVA, Tomaz Tadeu (org).
diferença
LOURO. Guacira. L.
SANTOS, Gislene A. dos.
inferioridade dos negros. São Paulo/ Rio de Janeiro: Pallas; 2002.

SILVA, Ana Célia da.
BA, EDUFBA, 2005.
SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In; SILVA, Tomaz Tadeu
(org).
2000.
VIEIRA, Renata; MACIEL, Lizete Bomura. Menino Brinca de boneca
histórico-cultural para se pensar o preconceito em sala de aula. In:
ensinar e aprender
2008.

Ver texto na íntegra em http://www.fazendogenero.ufsc.br/

Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na educação escolar

sábado, 23 de julho de 2011

Igualdade de gênero, raça e etnia diante do preconceito

  Essa temática é tão atual que no jornal A Gazeta de hoje foi exibida uma reportagem sobre preconceito. No texto do jornal na página 4, ecoa uma pergunta.
  "Preconceito: Quem disse que ele não existe no Brasil?"
  No jornal há exposição de estudos feitos pelo IBGE, onde percebemos a cara do nosso povo mestiço, mas extremamente preconceituoso, o IBGE aponta que 63,7% dos entrevistados acreditam que a cor ou raça influenciam na vida. Há histórias de mães negras com filhos brancos, que no convívio social são vítimas do preconceito racial pelas diferenças de pele, que para uma mãe começou já maternidade quando gerou seu filho através de um infeliz comentário de uma enfermeira que disse: "Seu filho é tão lindo, nem parece seu". Cláudia Paulo tem a pele preta, e o seu filho Francisco branca.
  Até história de magistrado é destacada, onde ele conta que já foi confundido com lavador de carro, pastor evangélico, mas Willian Silva é Juiz em Vitória. Ele ainda sofre duas vezes com constrangimentos pois tem uma netinha de olhos azuis.
  Temos muito que mudar na nossa sociedade, saber que somos iguais, independente de cores, ou origem racial, antes de tudo somos brasileiros.

FERNANDES,Vilmara.Preconceito Quem disse que ele não existe no Brasil?A Gazeta,Vitória, p. 4.23 jul.2011.